Eu tenho essa curiosidade.
Vou dizer; a minha vida foi movida por ela. Saber o que as pessoas tinham de diferente. Saber o que elas não diziam. Saber quem elas eram pra além do que mostravam. Me surpreender com elas. Eu sempre fui curiosa sobre gente. Desde pequena. Eu mesma, me sentia diferente e acho que encontrar a diferença nas outras crianças, me fazia sentir igual.
Na minha escola eu fiquei até o quinto ano sendo a única Estela. Quando, enfim, apareceu uma menina, foram me apresentar. E eu estava certa: ela era diferente. Eu ainda era eu. E sorri, quase que vitoriosa.
Escrevendo esse texto eu me dou conta do que movia meu prazer em produzir elenco. Era essa curiosidade por gente. Encontrar a alma o corpo a voz os olhos, donos daquele nome no roteiro, me fascinava. Encontrar a perfeição. E a perfeição estava na diferença que, por isso, jamais seria perfeita.
Caetano me entenderia.
A perfeição, que jamais se repetiria pela singularidade de uma pessoa. A diferença que faria aquele nome nunca mais ser somente uma folha de papel. Essa diferença que eterniza os grandes artistas. E que muitos querem copiar – não é assim. Nunca diga, eu quero ser igual.
Acho que essa é a nossa brincadeira mais séria e é de todos, não só dos atores. E esse reconhecimento pessoal e profissional diz respeito a essa diferença – a identidade, esse conjunto da essência humana que muitos atores ignoram, buscando fora a maior ferramenta que eles possuem, dentro.
E esse valor é um brilho que todos nós temos o direito de acolher e expandir. Quando eu falo todos, eu falo T O D O S mesmo. E quando eu penso em alguém que mora na rua, eu entendo que o Universo também atua sobre ele e ele, sobre mim. A vida se coloca pra gente de muitas formas.
Quem está aberto aos milagres?
Eles acontecem todos os dias.
Basta acreditar.